O Bodo/Glimt chegou em Londres achando que ia continuar escrevendo sua saga heroica rumo à final da Liga Europa. Só esqueceram de combinar com o Tottenham, que precisou de 37 segundos — isso mesmo, menos de um minuto — pra largar o martelo em cima dos nórdicos e começar o massacre. Com um primeiro tempo digno de “nem respira”, os Spurs meteram 3 a 1 e praticamente botaram o capacete de finalista.
A bola mal rolou e Richarlison, sim, aquele que muitos tratam como meme ambulante, achou o Brennan Johnson, que já chegou quebrando o silêncio com um gol antes da torcida terminar de sentar. Tava 1 a 0 e o relógio ainda nem tinha aquecido. Os noruegueses olharam uns pros outros e pensaram: “Já acabou a pré-eleção?”
O Tottenham, então, fez o que se espera de um time rico, bem alimentado e jogando em casa: encurralou o Bodo/Glimt com a frieza de quem tá derrubando dominó. Aos 33, Pedro Porro meteu um lançamento de videogame e Maddison, com aquela calma de quem paga boleto em dia, ampliou. 2 a 0 e a impressão de que aquilo ali ia virar goleada com direito a dança do pombo.
O Bodo ainda tentou dar uma de organizado, sair tocando bonito, mas parecia aula prática de futsal contra adulto. O primeiro tempo acabou com o Tottenham mandando e o time norueguês pedindo arrego com sotaque escandinavo.
Veio o segundo tempo e os ingleses ligaram o modo “administra aí”. Mas claro, sempre sobra uma bola parada pra empurrar mais um prego no caixão: pênalti em Romero, Solanke cobrou com tranquilidade, e a torcida do Tottenham já pegava o Google pra ver passagem pra Dublin.
Só que o futebol ama uma bagunça. Aos 38, o Bodo lembrou que ainda tava em campo, Ulrik Saltnes fez fila pela esquerda, chutou, a bola desviou e enganou o goleiro Vicario. Gol suado, sem glamour, mas que serve pra manter o coração pulsando pra volta.
Agora, o Tottenham vai à Noruega podendo perder por um gol de diferença, tomar chá gelado e ainda se classificar. O Bodo? Vai precisar de reza, frio, grito da torcida, e talvez um milagre nórdico daqueles que nem nos contos mitológicos acontecem mais.